Eu já sabia quem era esse grande Fernando Di Leo graças ao pessoal dos blogs de genero, que vivem mencionando sua existencia, e pelo Carlão, que já mencionou ele muitas vezes. Esse ano pude ver muitos filmes dele, mais de dez. O cara é mestre, por algum motivo ele acabou ficando mais pelo gueto do cinema italiano, sem alcançar um reconhecimento maior. Não é díficil entender sua obra : são filmes extremamente diretos, filmes de ação mesmo. Mesmo o único que vi que divergia um pouco no genero, era conduzido assim – seu estilo é puro, evidente. Poucos caras fizeram tantos filmes de ação tão fodas, ele fez pelo menos quatro filmes geniais. Aulas de matéria em movimento, montagem. Espetáculo.
Escolhi escrever sobre apenas um filme, para não cair em repetições – embora incriveis, singulares, seus filmes tambem são bastante semelhantes. Optei por Il Boss, por alguns motivos. O primeiro deles sendo que ele tem um dos grandes persongens do mundo dileoiando: Lanzetta. A face de Henry Silva diz muito sobre o cinema de Di Leo, esse ator duro, de face quase sem expressão. Ele fez muitos filmes com Di Leo, mas Lanzetta foi o melhor perosnagem, embora ele seja memorável em tantos outros, como no filme-testamento de Di Leo, o Killer contro killers. Nesse, o universo da máfia começa a colidir, e Lanzetta cresce num periodo de dias em meio a traições, passando de um homem de campo de ação, a um dos poucos comandantes que ficam de pé. É um filme de pouco respiro, que começa já com um primeiro ataque, curiosamente numa sala de cinema. Henry Silva só transforma um projetor em um canhão. Açáo em movimento, aula de como se conduzir uma montagem tensa sem que se perca todo o poder de imagem. Ele usa os ambientes, as cidades, os hábitos dos lugares de forma incrivel.
O Il Boss é de uma trilogia sobre a máfia em Milão que só tem obra-prima. Di Leo sempre trabalha nos cantos da ação com muita subversão, como a filha rebelde do chefão da máfia. Sequestrada, ela pouco se importa. Sua vida se tornou um grande vicio, no sexo e nas drogas. Em algum momento, Lanzetta cruza seu caminho. É o unico momento em que o destemido Silva parece sentir mais do que o desejo de seguir em frente. Numa batalha pela sobrevivencia, Lanzetta só sobrevive porque é o unico que não espera nada mais dos outros. Ele difere de muitos protagonistas dos outros filmes, mesmo os de Milão – são um pouco mais humanos, e consequentemente, o final para Lanzetta e para eles não é o mesmo. Há um certo fatalismo, e o futuro de Lanzetta deve ser tenebroso tambem, mas ele é um herói, e sua trajetória no filme termina com uma sinistra piada num “filme continua”.