Achei muito bom esse novo filme dos Dardenne. É evidente que muito do que sempre esteve continua lá, os humanismos exagerados, como o pai que abandona o filho mas não deixa de se preocupar com ele quando ele cai de um muro, mas vejo uma pequena mudança. Tem muito da agressividade – o personagem central é atormentado por espasmos loucos, ele não só comete erros, como os `humanos` de seus filmes, a questão aqui chega num ponto fisíco. É explosivo, fora de controle. A moral ainda circula, o amor da mulher por ele ainda é o que salva sua vida, mas o filme não é apenas um grande caminho pra isso. Há bem mais. Tem composições mais quentes, e a partir do Lorna, vejo que eles já lidam com sobrenatural. Nem tudo que se toca se explica, como a queda vertiginosa do garoto que sai andando, triunfante rumo a vida de amor que lhe espera. Daí que acho muito legal o exagero dramático da trilha – vai de colisão com o excessivo frio do resto, da fabula moral. Embora o caminho já apontasse para este lado, para mais experimentos, para o enriquecimento geral dos filmes, ainda assim não esperava ver algo forte assim, com peso que vai além da jornada determinada ao personagem. Não quero dizer que os outros são ruins, é argumentável que um seja melhor, mas vejo como filmes menos ricos, menos intensos. Talvez mais diretos, efetivamente, mas menos interessantes para além do `formato`.
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