Na verdade um filme feito antes de Carrie, o Obsession ficou preso durante um tempo com a distribuidora. Essas parábolas morais do Paul Schrader sempre fizeram algum sucesso, algumas nas suas próprias mãos, outras na mão de caras brilhantes com o Brian De Palma. É claro que o filme em suas mãos ganhou tons um tanto diferentes, ainda que não menos pesados, já que o filme todo parece um imenso pesadelo vivido pelo protagonista. Tudo a sua volta parece com algo remanescente de sua memória – como se o choque com os eventos do começo do filme o fizessem viver girando em torno de si. A ideia, brutamente explicando, é de que um amigo-sócio deseja cobiçadas terras que o executivo majoritário possui e por isso ele o expõe a fritura de sua consciência. Tá, eu compliquei, mas fato é que quaisquer descrições e aventuras em tentar adentrar este filme para quem se limita a se preocupar com suas resoluções objetivas será, provavelmente, irrelevante. É curioso que retornar a ele sem qualquer elemento de surpresa torna simplesmente mais fassbinderiana o lado delirante do filme, como se ele se permitisse se perder em absoluto na sua insanidade – há, obviamente, infinitas diferenças estilísticas, mas a coisa não está assim tão distante da tragédia fassbinderiana. É interessante que entre os grandes filme do De Palma, esse me parece aquele que está menos sob o seu controle, ainda que ele opere tantas coisas que exijam um evidente controle – há algo ali que parece absolutamente fora de lugar, ou pode ser mesmo apenas um triunfo completo de suas maestria cênica.
(série de imagens tão espirais quanto deu)
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